29.6.07

Temporada miserável

Quando Pinamonti veio para Lisboa como director artístico do Teatro de São Carlos, fiquei bastante entusiasmado, tal como a maioria dos melómanos que gostam deste teatro. Aos poucos, o entusiasmo foi esmorecendo, como escrevi aqui, porque as temporadas nunca subiram de nível, apesar de algumas produções interessantes. O Teatro de São Carlos continuou a não se parecer com um teatro de nível internacional, espelhando um miserabilismo português, mais cultural que económico.

Eis que é anunciada a nova temporada e continua a pobreza de programação. Para pior. Sendo a ópera um espectáculo de arte total, os cantores são sempre os grandes protagonistas ou, na minha opinião, deveriam ser. Sempre foi assim, até ao momento em que se passou a dar mais importância aos encenadores, nem que eles apresentem visões que deturpem completamente o significado da ópera. Muitas vezes, seria preferível assistir a uma boa versão de concerto, com cantores à altura dos papéis.

Vamos ter, então, "Rigoletto" e "Tosca", com onze récitas cada (muitas, como se faz lá fora), "Os Contos de Hoffmann" (mais dez récitas) e as outras obras são consideradas de pequeno público, logo, pouca coisa (consultar o programa). De "Siegfried" nem se fala. Talvez para a temporada seguinte, se não acabarem por interromper definitivamente o ciclo d’"O Anel do Nibelungo", o que não deixaria de ser vergonhoso, depois do alarido que se fez em torno da produção de Graham Vick.

E os cantores? Nos últimos anos, Dimitra Theodossiou tornou-se a diva do São Carlos. Ninguém a conhecia até vir substituir Angela Gheorgiu na "Traviata", mas o público e Pinamonti gostaram tanto que passou a vir cantar em todas as temporadas. Os aplausos foram estrondosos, nunca percebi bem a razão. Parece que a nova Direcção está a querer encontrar uma substituta: Chelsey Schill. Quem será ela? Vai ser a Gilda ("Rigoletto"), a Serpente (em "Das Märchen" de Emmanuel Nunes, estreia absoluta), Servilia ("A Clemência de Tito"), Olympia ("Os Contos de Hoffmann") e Rainha da Noite ("A Flauta Mágica" em versão sub-16). Se calhar, se não estivesse Elisabete Matos apalavrada, também cantaria ela a "Tosca".

28.6.07

Teatro de São Carlos - Nova temporada

Temporada?

(...)
A temporada lírica será inaugurada a 10 de Dezembro com a apresentação da ópera "Rigoletto", de Verdi, numa co-produção com a ópera de Bilbau.
(...)
Em Janeiro de 2008, o São Carlos vai apresentar em estreia absoluta "Das Märchen", a primeira ópera de Emmanuel Nunes, no que é considerado um dos acontecimentos da temporada.
(...)
Em Fevereiro, o teatro lírico volta a apresentar uma ópera de Mozart, "La Clemenza di Tito", que assinala a estreia do actual director do Teatro Municipal de Almada, Joaquim Benite, na encenação de uma ópera.
O tenor Herbert Lippert e a soprano Adriana Damato cantam pela primeira vez no São Carlos.
(...)
Em Abril, o São Carlos vai apresentar "Os Contos de Hoffmann", de Offenbach, numa nova produção encenada por Christian von Götz e com direcção musical de Gregor Buhl.
A ópera "Tosca", de Giacomo Puccini, com a soprano portuguesa Elisabete Matos no papel principal, encerra a temporada lírica, numa produção encenada pelo canadiano Robert Carsen.
(...)
A temporada sinfónica começa a 28 de Setembro com o concerto "Do barroco ao bel canto" que conta com a actuação da meio-soprano Vesselina Kasarova.
(...)

Embora não haja muito mais para saber, ler mais...
O programa da temporada já está no site do Teatro de São Carlos.

Museu Colecção Berardo

Museu Colecção Berardo poderá ser visitado gratuitamente até domingo.



























No exterior, duas obras de Joana Vasconcelos feitas com garrafas, representando castiçais.
(Foto da net)

Schiermonnikoog





















(Foto gentilmente cedida pela minha amiga Thea)

Schiermonnikoog é uma ilha muito pequena no norte da Holanda, sem automóveis, muito sossegada...

27.6.07

Amnistia Internacional

Your Signature is More Powerful than you Think

"Award winning video from Amnesty International. Your signature is more powerful than you think. Winner of the Gold Lion at the Cannes Lions 2007"

26.6.07

Parque Eduardo VII

O Blog de Cheiros já mostrou o estado de abandono em que se encontra o Parque Eduardo VII. Hoje passei por lá e confirmei. O mato cresce, como se o campo tivesse vindo para a cidade, e vários tipos de flores dão cor a terrenos que parecem ter sido lavrados. Até aí, tudo bem; poderíamos vir a ter o tal prado florido...
Só que, enquanto estavam a ser retiradas as estruturas da Feira do Livro, ninguém parecia importar-se muito que restos de papéis e outros tipos de lixo se vão acumulando por todo o lado, principalmente fora da alameda central.

Cichorium intybus
(Agradeço a Maria Carvalho a identificação desta flor de chicória.)


23.6.07

Edith Piaf - La Foule

Je revois la ville en fête et en délire
Suffoquant sous le soleil et sous la joie
Et j'entends dans la musique les cris, les rires
Qui éclatent et rebondissent autour de moi
Et perdue parmi ces gens qui me bousculent
Étourdie, désemparée, je reste là
Quand soudain, je me retourne, il se recule,
Et la foule vient me jeter entre ses bras...

Emportés par la foule qui nous traîne
Nous entraîne
Écrasés l'un contre l'autre
Nous ne formons qu'un seul corps
Et le flot sans effort
Nous pousse, enchaînés l'un et l'autre
Et nous laisse tous deux
Épanouis, enivrés et heureux.

Entraînés par la foule qui s'élance
Et qui danse
Une folle farandole
Nos deux mains restent soudées
Et parfois soulevés
Nos deux corps enlacés s'envolent
Et retombent tous deux
Épanouis, enivrés et heureux...


(abe084)

Et la joie éclaboussée par son sourire
Me transperce et rejaillit au fond de moi
Mais soudain je pousse un cri parmi les rires
Quand la foule vient l'arracher d'entre mes bras...

Emportés par la foule qui nous traîne
Nous entraîne
Nous éloigne l'un de l'autre
Je lutte et je me débats
Mais le son de sa voix
S'étouffe dans les rires des autres
Et je crie de douleur, de fureur et de rage
Et je pleure...

Entraînée par la foule qui s'élance
Et qui danse
Une folle farandole
Je suis emportée au loin
Et je crispe mes poings, maudissant la foule qui me vole
L'homme qu'elle m'avait donné
Et que je n'ai jamais retrouvé...

18.6.07

Chuva roxa na Ajuda

Maria João Pires - Chopin

Uma pequena homenagem e um grande agradecimento a Maria João Pires, que venceu o Prémio Eduardo Lourenço 2007, anunciado no passado dia 8 de Junho. Ser-lhe-á entregue na Guarda, no dia 6 de Julho. Ler mais aqui.


(ClassicArtsShowcase)

17.6.07

Mara Zampieri - "Manon Lescaut"


O vídeo não é muito bom, mas foi o que encontrei de Mara Zampieri interpretando Manon Lescaut. Em Lisboa também cantou este papel (Dezembro de 1988), mas aqui é em Tóquio (1991).



In quelle trine morbide

In quelle trine morbide...
nell'alcova dorata
v'é un silenzio gelido, mortal,
v'è un silenzio,
un freddo che m'agghiaccia!
Ed io che m'ero avvezza
a una carezza voluttuosa,
di labbra ardenti e
d'infuocate braccia...
or ho tutt'altra cosa!
O mia dimora umile,
tu mi ritorni innanzi
gaia, isolata, bianca
come un sogno gentile
di pace e d'amor!


No site de Mara Zampieri estão disponíveis mais vídeos e também a conversa de Jorge Rodrigues com Frederico Lourenço e ela própria no Ritornello. Aqui está o primeiro excerto, para matar saudades:


E aqui podem ouvir as três partes restantes.

Lisbona, 29 Marzo 2005. Mara Zampieri e Frederico Lourenço intervistati da Jorge Rodrigues nella trasmissione in diretta "Ritornello"



(Mara Zampieri com Jorge Rodrigues)

Catalpa

1 e 2 - A Catalpa bignonioides é uma prima do jacarandá (Bignoniáceas) e floresce pela mesma época. Na Rua Barata Salgueiro, junto à Cinemateca de Lisboa, há quase só jacarandás e catalpas.
3 e 4 - Ontem, na Calçada do Galvão, junto à entrada do Jardim Botânico da Ajuda.
Ler e ver mais aqui, no Dias com Árvores.




14.6.07

Jorge Rodrigues - Festas de Lisboa


























(clique para aumentar)

No dia 7 de Julho, Jorge Rodrigues estará no Castelo de São Jorge com a Companhia Portuguesa de Ópera, num programa enquadrado nas Festas de Lisboa, para falar de Rossini. Uma boa oportunidade para matar saudades do Ritornello.
Consulte o programa das festas no site da EGEAC.

Cabo da Roca









































1 e 2 - Ver disse...

Suspiros ou saudades roxas, Scabiosa maritima L. chamou-lhe o Sr. L., Scabiosa atropurpurea chamam-lhe também. Para mim chega suspiros.

Obrigado, Ver.

12.6.07

Santo António

Hoje é dia de marchas, de sardinhas e de majaricos. De folia, portanto.




















(Santo António Pregando aos Peixes, de Veronese, cerca de 1580, na Galleria Borghese, Roma)






















Des Knaben Wunderhorn
(A Trompa Mágica do Rapaz) é uma antologia de poemas em dialecto, compilados por Clemens Brentano e Achim von Arnim, a partir da qual Mahler (1860-1911), normalmente mais para o sério, compôs várias canções bem-dispostas. Uma delas é Des Antonius von Padua Fischpredigt (Sermão de António de Pádua aos Peixes), aqui em baixo na versão original para voz e piano, composta em 1893. A gravação é de 1966, com a voz de Elisabeth Schwarzkopf, acompanhada ao piano por Geoffrey Parsons.



Antonius zur Predigt
Die Kirche find't ledig.
Er geht zu den Flüssen
und predigt den Fischen!
Sie schlag'n mit den Schwänzen,
Im Sonnenschein glänzen.

Die Karpfen mit Rogen
Sind all' hierher zogen,
Hab'n d'Mäuler aufrissen,
Sich Zuhör'ns beflissen.
Kein Predigt niemalen
Den Fischen so g'fallen!

Spitzgoschete Hechte,
Die immerzu fechten,
Sind eilends herschwommen,
Zu hören den Frommen!

Auch jene Phantasten,
Die immerzu fasten:
Die Stockfisch' ich meine,
Zur Predigt erscheinen.
Kein Predigt niemalen
Den Stockfisch' so g'fallen!

Gut Aale und Hausen,
Die vornehme schmausen,
Die selbst sich bequemen,
Die Predigt vernehmen!

Auch Krebse, Schildkroten,
Sonst langsame Boten,
Steigen eilig vom Grund,
Zu hören diesen Mund.
Kein Predigt niemalen
den Krebsen so g'fallen.

Fisch' große, Fisch' kleine,
Vornehm und gemeine,
Erheben die Köpfe
Wie verständ'ge Geschöpfe,
Auf Gottes Begehren
Die Predigt anhören.

Die Predigt geendet,
Ein jeder sich wendet,
Die Hechte bleiben Diebe,
Die Aale viel lieben.
Die Predigt hat g'fallen.
Sie bleiben wie allen.

Die Krebs' geh'n zurücke,
Die Stockfisch' bleib'n dicke,
Die Karpfen viel fressen,
die Predigt vergessen!
Die Predigt hat g'fallen.
Sie bleiben wie allen.

António, para o sermão,
Encontra a igreja vazia.
Vai para o rio
E prega aos peixes!
Todos dão à cauda,
Brilhando ao Sol.

As carpas, em cardume,
Vieram todas à uma.
Estão de boca aberta
A escutar com atenção.
Nunca um sermão
Agradou tanto aos peixes!

Os lúcios, de boca em bico,
Sempre a guerrear,
Nadaram velozes
Para ouvir o Santo!

Mesmo criaturas fantásticas,
Sempre de dieta,
Quero dizer, os bacalhaus,
Apareceram ao sermão.
Nunca um sermão
Agradou tanto aos bacalhaus!

Belas enguias e esturjões,
Que vão às festas finas,
Acomodam-se
Para ouvir o sermão.

Também caranguejos e tartarugas,
Lentos, de costume,
Sobem depressa do fundo
Para ouvir esta boca.
Nunca um sermão
Agradou tanto aos caranguejos!

Peixes grandes, peixes pequenos,
Nobres ou vulgares,
Erguem a cabeça
Como seres inteligentes,
Por vontade de Deus,
Para ouvir o sermão.

O sermão terminou,
Cada um vai à sua vida.
Os lúcios continuam ladrões,
As enguias fazem amor.
O sermão agradou,
Continuam como eram!

Os caranguejos recuam,
Os bacalhaus continuam gordos,
As carpas alarvam,
O sermão está esquecido.
O sermão agradou,
Continuam como eram!

10.6.07

Tree Parade

Na Praça do Comércio, em Lisboa, foram plantadas 77 árvores de todas as cores. Na mesma cidade onde se abateram árvores ainda há tão pouco tempo, estiveram em exibição, até hoje, as árvores decoradas por alunos de várias escolas, com o objectivo de chamar a atenção para a defesa da floresta contra os incêndios. Rumam agora para o Parque da Cidade, no Porto, onde poderão ser vistas de 15 até 30 de Junho.

9.6.07

Tipuana

Chegou a hora da Tipuana tipu, acácia draco, tipuana, orgulho da Bolívia. No Cais do Sodré, Largo de Santos, Saldanha...


8.6.07

Pergolesi e Allegri










































Depois de ler o novo "post" da Ana Ramon, sobre Farinelli, lembrei-me logo de Pergolesi (1710-1736), que compôs várias obras para castrati, e de Allegri (1582-1652), que, segundo alguns autores, terá sido ele próprio também um castrato. Há notícia de que cantava num coro como rapaz-soprano e de, depois de ter mudado a voz, ter começado a cantar como tenor (ou como contralto)... Algures li que a sua castração não deve ter corrido muito bem, daí ter mudado a voz e não ter podido seguir a carreira que se lhe augurava como castrato. Talvez seja apenas especulação.

Gregorio Allegri compôs um belíssimo Miserere para dois coros, em que uma voz solista sobe às alturas. Roy Goodman é o solista desta gravação de 1963 (tinha 12 anos). Provavelmente perdeu a voz e é actualmente maestro e violinista, especializado em música antiga.



O Stabat Mater de Pergolesi é outra das grandes obras da música sacra barroca. Pergolesi morreu muito novo, provavelmente tuberculoso, e compôs o que é considerado o seu testamento musical já numa fase adiantada da doença. Podemos ouvir um excerto, cantado e dirigido pelo contratenor René Jacobs, e com a voz do rapaz-soprano Sebastian Hennig, actualmente um barítono modesto. Tinha cerca de 14 anos à data da gravação (1983).


Stabat Mater dolorosa
Juxta crucem lacrimosa
Dum pendebat filius.

Estava a Mãe dolorosa
Chorando junto da cruz
Da qual pendia o seu filho.

7.6.07

Nova petição - Ritornello - 251 Total Signatures

Tinha decidido não voltar a este assunto, para não me acharem muito chato... Acontece que a petição que aqui tinha sido veiculada nasceu com problemas técnicos insolúveis (os nomes dos signatários não eram visíveis) e foi criada outra por Aristides Sousa-Mendes.
http://www.petitiononline.com/asm7e30/petition.html
Uma vez que tantos blogs participaram de uma forma tão activa na sua divulgação, aqui fica o convite para todos expressarmos, mais uma vez, o nosso descontentamento e pedirmos o regresso do Jorge Rodrigues à Antena 2.

6.6.07

Jon Vickers - Winterstürme


























Jon Vickers canta Winterstürme em concerto. É de antologia.







Ode à Primavera - Winterstürme

No primeiro acto de "A Valquíria", Siegmund e Sieglinde, gémeos sem o saberem, conhecem-se e apaixonam-se. Wagner recorreu à mitologia nórdica para compor "O Anel do Nibelungo" e fez, aqui, uma alegoria aos amores proibidos. A Primavera liberta o Amor, seu irmão, tal como Siegmund liberta Sieglinde, presa a um marido aterrorizador.
O libreto original é de Richard Wagner.
A produção é de Patrice Chéreau (1976, Bayreuth), Peter Hofmann e Jeannine Altmeyer são os gémeos e Pierre Boulez dirige.

Siegmund:
Winterstürme wichen dem Wonnemond,
in mildem Lichte leuchtet der Lenz;
auf linden Lüften leicht und lieblich,
Wunder webend er sich wiegt;
durch Wald und Auen weht sein Atem,
weit geöffnet lacht sein Aug'.
Aus sel'ger Vöglein Sange süss er tönt,
holde Düfte haucht er aus;
seinem warmen Blut entblühen wonnige Blumen,
Keim und Spross entspringt seiner Kraft.
Mit zarter Waffen Zier bezwingt er die Welt;
Winter und Sturm wichen der starken Wehr:
wohl musste den tapfern Streichen
die strenge Türe auch weichen,
die trotzig und starr uns trennte von ihm.
Zu seiner Schwester schwang er sich her;
die Liebe lockte den Lenz:
in unsrem Busen barg sie sich tief;
nun lacht sie selig dem Licht.
Die bräutliche Schwester befreite der Bruder;
zertrümmert liegt, was je sie getrennt;
jauchzend grüsst sich das junge Paar:
vereint sind Liebe und Lenz!

Sieglinde:
Du bist der Lenz, nach dem ich verlangte
in frostigen Winters Frist.
Dich grüsste mein Herz mit heiligem Grau'n,
als dein Blick zuerst mir erblühte.
Fremdes nur sah ich von je, freundlos war mir das Nahe;
als hätt' ich nie es gekannt, war, was immer mir kam.
Doch dich kannt' ich deutlich und klar:
als mein Auge dich sah, warst du mein Eigen;
was im Busen ich barg, was ich bin,
hell wie der Tag taucht' es mir auf,
wie tönender Schall schlug's an mein Ohr,
als in frostig öder Fremde zuerst ich den Freund ersah.


Siegmund:
As tempestades do Inverno cederam ao mês de Maio,
a Primavera brilha com luz suave.
Embalada pela brisa, leve e graciosa,
ela tece os seus milagres.
O seu sopro corre por florestas e prados,
os olhos sorriem bem abertos.
Soa docemente no canto dos pássaros,
exalando um perfume fresco.
Do seu sangue quente nascem flores maravilhosas,
botões e rebentos brotam pelo seu poder.
Domina o mundo com a arma da beleza.
O Inverno e a tempestade cedem ao seu ataque;
também a porta que teimosamente nos separava dela
não resistiu aos seus golpes corajosos.
Para o irmão ela veio correndo,
o Amor chamou a Primavera.
Ele, que andava escondido dentro de nós,
agora ri, feliz perante a luz.
A irmã e noiva libertou o irmão,
ruiu tudo o que os separava.
O jovem casal saúda-se em êxtase,
estão unidos o Amor e a Primavera!

Sieglinde:
Tu és a Primavera, que eu tanto desejava
no tempo das geadas.
O meu coração saudou-te, com um tremor divino,
quando o teu olhar me tocou.
Vivia rodeada de estranhos, sem amigos,
como se não conhecesse nada.
Mas, a ti, reconheci-te claramente:
quando os meus olhos te viram, soube que eras meu.
Tudo o que escondia dentro de mim, tudo o que sou,
tonou-se límpido como o dia,
soou-me no ouvido como um trovão,
quando vi pela primeira vez um amigo
neste sítio inóspito e gelado.
(...)


Antúrio

A minha amiga Isabel ofereceu-me um antúrio. Abriu em flor.

5.6.07

(662 Total Signatures - Ritornello)

Tília em Braga, junto ao Bom Jesus.

Callas - Macbeth - Nel dì della vittoria

No Teatro de São Carlos, Dimitra Theodossiou canta Lady Macbeth. Callas cantava assim em Hamburgo, em 1959.


(Onegin65)

Malvina Schnorr von Carolsfeld

A primeira Isolda

Malvina Schnorr von Carolsfeld (1825-1904) tinha como nome de solteira Malvina Garrigues e era filha do cônsul-geral de Portugal em Copenhaga, onde nasceu. Começou a sua carreira em 1847, cantou em várias cidades alemãs (Dresden, Hamburgo, etc.) e casou com o célebre tenor Ludwig Schnorr von Carolsfeld, que viria a ser o primeiro Tristão.
Em 1862, Ludwig e Malvina cantaram partes de "Tristão e Isolda", acompanhados ao piano pelo próprio Richard Wagner, que ficou impressionado com as interpretações e lhes atribuiu os papéis para a estreia. A 10 de Junho de 1865, na Ópera da Corte de Munique, Malvina apresentava a Isolda ao mundo. Cerca de um mês mais tarde, o seu Tristão morria e ela não voltaria a cantar.

(Ouvir a Morte de Isolda por Birgit Nilsson)




























Malvina como Isolda, Munique, 1865


4.6.07

Pinhal da Nazaré

1 - Silene colorata
2 - Será uma Linaria...


Praça da Alegria - Coraleira

Em época de jacarandás, parece que as outras árvores nem dão flores. Mas na Praça da Alegria há duas coralinas-cristadas, ou coraleiras, neste momento a darem sinal de vida.
Nome científico: Erythrina crista-galli


3.6.07

Festival de Sintra

Já aí está e vai ficar até ao próximo dia 15 de Julho. Destaco os pianistas António Rosado (com o violinista Gerardo Ribeiro, 14 de Junho, Palácio de Sintra), Artur Pizarro (com o seu trio, 17 de Junho, Palácio de Queluz), Stephen Kovacevich (24 de Junho, Quinta da Piedade) e Nelson Freire (4 de Julho, Palácio de Queluz).
Ver a programação completa.


Gerardo Ribeiro













Artur Pizarro













Stephen Kovacevich













Nelson Freire

Serra de Sintra - Fel-da-terra

Valeu-me, depois de ver as tílias, fazer uma pequena caminhada pela serra. Entre eucaliptos, pinheiros e jovens carvalhos e medronheiros, encontrei imensas destas pequenas flores, com tonalidades que iam do branco ao rosa-escuro. São as centáureas-comuns, centáureas-menores ou fel-da-terra!

Nome científico: Centaurium erythraea Família: Gentianaceae

Aproveitei para pôr dezasseis alemães a arrancar acácias bebés. É sabido que eles têm uma consciência ambiental com a qual os portugueses nem sonham. Conseguimos liquidar algumas dezenas.

Sintra - Tílias

A p(h)oda das tílias em Sintra, mesmo junto ao Palácio da Vila, deu este resultado: árvores com um aspecto ridículo, deselegante e nada digno. Dos ramos cortados, erguem-se agora uns paus com uma triste folhagem na ponta, que me deixam sem perceber qual é a ideia, o que pretendem fazer às tílias os senhores da C.M. de Sintra.

2.6.07

Bach - Magdalena Kozená

Magdalena Kozená volta à Gulbenkian na próxima temporada.

John Eliot Gardiner, English Baroque Soloists and Orchestra, Soprano: Magdalena Kozená.
Bwv199 - Cantata - Aria S: Stumme Seufzer

Jacarandá

Este é o "meu" jacarandá. Largo de Sapadores (dentro da cerca do quartel), Lisboa.

(612 Total Signatures - Ritornello)

Ainda são tão poucas...

Postais ilustrados com o tema da "Tília" (Der Lindenbaum).