2.3.12

O Requiem de Berlim



Em 2005, comemorando os 60 anos do fim da Guerra, foi inaugurado o Memorial aos Judeus Vítimas do Holocausto. O monumento ocupa uma área enorme, perto do Brandenburger Tor e da Potsdamerplatz e junto ao local onde se encontrava o bunker de Hitler, e foi bastante criticado, ora por ser considerado desnecessário, ora pelos custos que atingiu, ora por ser dedicado apenas às vítimas judias. Certo é que é impossível não se ficar emocionado quando se caminha pelo meio de todos aqueles túmulos.






Não longe, atravessando a Ebertstraße, entramos no Tiergarten, onde está o Memorial aos Homossexuais Perseguidos pelo Nazismo.


O Choupo da Karlsplatz


Há um choupo na Karlsplatz
Numa Berlim de destroços
E quem passa na Karlsplatz
Dele vê verdes viçosos

Em quarenta e seis no frio
Gelavam pessoas, e lenha faltou
E caíram muitas árvores
E nenhum ano lhes sobrou

Mas o choupo da Karlsplatz
Mostra as suas verdes hastes
Moradores da Karlsplatz:
Obrigado, que o poupastes!

(Tradução e adaptação do poema de Bertolt Brecht por Helena Araújo)

Os choupos da Karlplatz (karlsplatz no poema de Bertolt Brecht) não resistiram ao Inverno de 1946/47. O frio e a cidade em ruínas acabaram por transformá-los em lenha, tal como às árvores do Tiergarten. Em 1949, de volta a Berlim, Brecht assistiu ao renascimento de um dos choupos e escreveu este poema, mas, alguns anos mais tarde, abateram-no novamente por a sua copa fazer sombra aos escritórios de uma embaixada. Contudo, Brecht tinha guardado dele um rebento e, crê-se, é ele o avô dos dois choupos que agora lá vemos (Berliner Zeitung).



Die Pappel vom Karlsplatz por Ernst Busch, cabaretista célebre nos anos 1920 que participou na estreia da Ópera de Três Vinténs.